Fonte: O Documento
Criado e mantido pelo cientista Ramis Bucair, o museu que leva seu nome, no calçadão Galdino Pimentel, no centro de Cuiabá, não abre as portas há quase um ano.
Na fachada branca e azul, a placa que indica a presença de uma parte da história de Mato Grosso contada por meio de pedras está envolta a um plástico preto.
Vizinho ao imóvel, o comerciante Feiz Fares lamenta a situação, afirmando que o acervo, reunido pelo próprio Bucair durante suas “aventuras” pelo território mato-grossense, ainda permanece no local. As visitações, no entanto, não ocorrem desde a morte do agrimensor especializado em espeleologia – ciência que estuda o interior de cavernas -, em 20 de dezembro de 2011.
Filho primogênito de Bucair, o engenheiro Ramis Bucair Júnior, diz que o museu está passando por uma fase de reestruturação, que já era idealizada pelo seu pai. A expectativa é que o fruto da paixão do cientista possa ser reaberto ao público antes da Copa do Mundo de 2014.
Entre as mudanças que devem ocorrer está a criação de uma ala dedicada ao marechal Cândido Rondon, ídolo de Bucair, que chegou a refazer os passos do militar numa expedição por 760 quilômetros, entre Barra do Bugres, Mato Grosso, e Vilhena, Rondônia, em 1954.
Acompanhado de 32 homens, seis bois de carga, um burro e um cavalo cego de um olho, conforme relatou ao Diário numa entrevista concedida em 2001, Bucair seguiu o caminho trilhado 40 anos antes por Rondon. O objetivo era reerguer os postes da linha telegráfica instalados pelo marechal e que haviam se deteriorado com o tempo.
A história deve ser relatada na versão repaginada do museu de pedras, que também deve ser transferido para outro local. Uma questão de logística, segundo Júnior, para facilitar a chegada de ônibus escolares e outros veículos trazendo visitantes. Isso porque, ao calçadão, atualmente, chega-se apenas a pé e a oferta de estacionamentos no entorno é pequena.
A reorganização do acervo, que conta com aproximadamente quatro mil peças raras, – entre pedras preciosas, fotografias e mapas, oriundas da catalogação de 39 cavernas antes inexploradas pelo homem -, contudo, tem esbarrado na questão financeira.
Primeiro museu particular do gênero no país, o Ramis Bucair foi criado e mantido com recursos de seu idealizador, sem qualquer auxilio dos governos federal, estadual ou municipal, nem organizações não governamentais. Custo que foi transferido à família com seu falecimento.
Bucair morreu no final de 2011, vítima de um câncer na bexiga. Deixou viúva Elza Bucair, com quem era casado há 52 anos e teve quatro filhos. Além do museu, fundado em 8 de abril de 1959, deixou como legado a Associação dos Amigos de Marechal Rondon, hoje presidida por Ivan Pedrosa.
Nota do GPME: Notícias sobre o falecimento de Ramis Bucair
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