Expedição Rio Grande do Sul – De 16 a 24 de Abril de 2011

Grupo Pierre Martin de Espeleologia:

  • Ana Cristina Hochreiter (Nina)
  • Ericson Cernawsky Igual (OvO)

Laboratório de Estudos Subterrâneos IB-USP:

  • Sandro Secutti

Laboratório de Estudo Subterrâneos UFSCar:

  • Camile Sorbo Fernandes

Da esquerda para direita: Ana Cristina Hochreiter (Nina), Camile Sorbo Fernandes, Ericson Cernawsky Igual (OvO) e Sandro Secutti

Equipe em frente Clube 16 de Abril em Itaiópolis-SC

Iniciamos hoje, 16 de abril, com quatro componentes, a micro expedição Rio Grande do Sul.  

O objetivo da expedição é ampliar o conhecimento espeleológico do estado, com a maior abrangência geográfica possível. 

Ainda estamos na fase de deslocamento de São Paulo, em nossa primeira parada, na cidade Catarinense de Itaiópolis, relativamente próxima da divisa com o Paraná, as margens da Rodovia BR 116.

Estabelecemos como regra um roteiro flexível, com destino a ser decidido diariamente, priorizando proximidade entre as referências em cada deslocamento, evitando percorrer grandes distâncias, que por sua vez acabem ocupando mais tempo transitando pelas rodovias do que a própria atividade espeleológica. 

Mais novidades amanhã, ou quando existir sinal de internet. 

Essa é quarta investida do GPME no estado do Rio Grande do Sul. As atividades anteriores foram de curta duração, ao contrário desta, com maior tempo dedicado, casando prospecção, exploração e mapeamento com trabalhos de biologia subterrânea. 

E por que rumamos até as terras Gaúchas? 

Mapa de referências espeleológicas do Rio Grande do Sul. Autor: Ericson Cernawsky Igual

Saiba mais em:

A importancia da prospeccao digital e bibliografica no levantamento do potencial espeleológico 

Amanhã seguimos viagem cedo, ao amanhecer, pé na estrada após o café marcado para as 06:30.

Destino?

Aguardem…

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Um pouco mais sobre o potencial de cavernas do Rio Grande do Sul: 

Transcrição parcial da matéria Distribuição das Rochas Carbonáticas e Províncias Espeleológicas do Brasil (Ivo Karmann e Luiz Henrique Sanches, 1979. Revista Espeleo-Tema nº 13 – Sociedade Brasileira de Espeleologia)

Capitulo 11 – Região Carbonática do Rio Grande do Sul

Até o presente levantamento não se conhece cavernas em rochas carbonáticas no Rio Grande do Sul, apesar de haver regiões que apresentam algumas condições para existência destas. 

•             Geologia e Estratigrafia 

A unidade estratigráfica aqui tratada será o Grupo Porongós que compreende um espesso pacote de rochas cujo grau de metamorfismo varia de baixo (fácies xisto verde) a alto, com condições enérgicas envolvendo processos de migmatização e granitização regional sobre uma sequência sedimentar clástica e química com intercalações de rochas ígneas vulcânicas e hipoabissais de composição acida, básica e ultrabásica. As unidades que compõem este grupo são os Sub-Grupos Vacacaí, Cambuí e a Formação Cerro Mantiqueira (Schohbenhaus F.º, 1974). O Grupo Porongós corresponde, no Rio Grande do Sul a faixa de dobramento da Ribeira, resultante do Ciclo Orogenético Brasiliano. 

O Sub-Grupo Cambaí é uma associação de gnaisses migmatíticos de extensão regional. Portanto não é de interesse espeleológico. 

O Sub-Grupo Vacacaí é caracterizado por metamorfitos que incluem as seguintes litologias: filitos, cericita-xistos, muscovita-xistos, meta grauvacas anfibolitos mármores e metaconglomerados. Em alguns pontos ainda se reconhece as rochas que antecederam o metamorfismo, como argilitos, grauvacas e calcários, devido ao baixo grau de metamorfismo. 

A Formação Cerro Mantiqueira é uma associação de rochas ultrabásicas e xistos. 

No quadro seguinte observa-se o quadro estratigráfico que relaciona as Formações mencionadas. 

•             Expressão Regional

A principal área de ocorrência de mármores (calcários metamorfizados e recristálizados) localiza-se nos arredores do Município de Caçapava do Sul e Encruzilhada do Sul. Os mármores ocorrem intercalados em quartzitos e xistos, formando lentes pouco espessas, o que não é favorável à formação de cavernas.

Outra área com ocorrências de mármores é a região de Pinheiro Machado, onde numa faixa metamórfica de direção NE SW com extensão aproximada de 150 km, encontra-se lentes e níveis carbonáticos com espessura em torno de 5m a algumas dezenas de metros.

São destacadas ainda ocorrências de mármores, calcários e dolomitos, ao sul do Município de São Gabriel no local chamado Palma. O calcário cristalino está associado aos xistos e quartzitos do Sub-Grupo Vacacaí sob forma de lentes e camadas uniformes com espessura até de 20m. Teoricamente esta ocorrência reúne condições para formação de cavernas de pequeno desenvolvimento.

Capitulo 26 – Cavernas em Rochas não Carbonáticas

Sem discutirmos os processos genéticos responsáveis pela formação deste tipo de cavidade, temos a confirmação de cavernas em arenitos, quartzitos gnaisses, granitos, micaxistos, basaltos e rochas vulcânicas alcalinas.

Na região de São Carlos, Analândia, Rio Claro e São Pedro, no Estado de São Paulo, foram registradas cavernas com até 250 m de desenvolvimento em arenitos da Formação Botucatu e Pirambóia (Werneck, et al., 1973). Também no Estados do Rio Grande do Sul, temos noticia deste tipo de caverna, mas sem desenvolvimento medido.

Em rochas eruptivas basálticas da Formação Serra Geral, principalmente no Rio Grande do Sul, são conhecidas algumas cavernas, mas sem desenvolvimento levantado.

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