Para muitos, época de festas, ocasião para jogar serpentina, confete.
São Pedro se diverte jogando água…
As cavernas e rios comemoram inundados, e nós dançamos com os planejamentos meticulosamente preparados durante semanas.
Os planos eram muitos, mas o nível elevado dos rios epígeos e hipógeos foram importante fator limitador.
Como nada é perdido, entramos no clima de carnaval e rebolamos pra criar alternativas.
No sábado alguns ainda estavam em trânsito, e os adiantados optaram por dormir até mais tarde e dedicar o dia para planejamento… Alguns no Pastel da Zeni e os mais ousados a percorrer longas distâncias seguiram para a Churrascaria do Abel, que felizmente mantém a característica de oferecer sempre comida boa com preço honesto.
Domingo, o clima se manteve estável, ou seja, não parou de chover, o nível dos rios em elevação, definitivamente abortamos os planos de continuidade da exploração e topografia no Sistema Areias.
A escalada para nítida possibilidade de conduto superior na Galeria Dia D, na Gruta Areias de Baixo, assim como continuidades na Gruta Areias de Cima, ficaram para a estação seca.
Também descartamos as atividades de prospecção na Serra da Onça Parda, Sistema Areias e por cima da Caverna de Santana.
Na Caverna de Santana o Rio Roncador estava bem elevado, turvo, eliminando qualquer possibilidade de ataque nas galerias do rio. A alternativa foi seguir para as galerias superiores de acesso seco, a fim de verificar possibilidades superiores.
Imagina-se que cavernas amplamente exploradas, com longo histórico, não possuam mais nenhuma continuidade.
Porém existe um fator técnico que faz uma grande diferença…
Iluminação e a respectiva evolução das lanternas de espeleologia!
As explorações da Caverna de Santana foram, em sua maioria, realizadas a base de luz de carbureto e quando muito com o auxilio de lanternas elétricas, que comparadas as atuais iluminações de LED, eram infinitamente menos potentes.
O esforço exploratório décadas atrás, e as incríveis conquistas dos exploradores pioneiros dentro das condições da época são sem duvida notáveis!
Hoje podemos dizer que a coisa é bem mais fácil, nem por isso, menos importante, a dedicação ao trabalho voluntário mantém a mesma chama romântica de “carbureto”.
Citamos como exemplo o Salão Pierre Martin, descoberto graças à potência das atuais lanternas. Sua existência era óbvia, seu grande volume observável da base da escalada, bastava apenas subir, o que não foi uma atividade exatamente tão simples como a sua visibilidade, demandou tempo, técnica e muita habilidade dos escaladores responsáveis pela conquista.
Sua existência passou despercebida pela equipe que poucos anos atrás documentou esse trecho em nossa atual retopografia, e talvez continuasse desconhecido se a sua base não fosse caminho para outra possibilidade de escalada, que, aliás, realizada posteriormente, não rendeu os resultados esperados. Faz parte, exploração é assim mesmo, um misto de alegrias e frustrações.
Voltando as galerias superiores de acesso seco, nossas teorias se comprovaram…
Seguimos observando detalhadamente todo o teto e laterais superiores dos condutos, identificamos várias possibilidades, mas no Salão São Paulo, campo base da Operação Tatus, realizada pelo Centro Excursionista Universitário, em 1975, uma cúpula no teto chamou muito a atenção.
De volta ao conforto noturno da casa no Bairro Serra, churrasqueamos e analisamos as topografias anteriores, confirmando nenhuma indicação dessa cúpula. Estava definido, seria alvo da próxima escalada!
Na segunda feira o tempo abriu mais firme, apenas uma leve garoa, e consideramos que seria um bom dia para prospectar, mas sem abusos e longas distâncias, afinal de contas os raios se fizeram presentes nos dias anteriores, e diante de qualquer indicio de chuva forte o abrigo do carro seria importante.
Assim optamos por andar por cima da Caverna de Santana, com a localização de várias dolinas, pequenas cavernas, abrigos e por fim uma boca de porte considerável, galeria em declive ampla, e uma visível curva. E depois da curva, nada, só desmoronamentos e nenhuma continuidade. Faz parte, exploração é assim mesmo, um misto de alegrias e frustrações.
Mas ainda assim foi uma descoberta interessante, denominada Gruta Noé, com desenvolvimento de aproximadamente 30 metros, desnível de 10 metros.
Terça-feira retornamos para a Caverna de Santana e rumamos para o Salão São Paulo para realizar a escalada.
Após 1 hora e meia de conquista, spits batidos, ancoragens, e segurança, alcançamos a cúpula observada dois dias antes.
Todos ansiosos…
Mas não foi dessa vez, a cúpula com uns 6 metros quadrados de área não possuía nenhuma continuidade.
Nem por isso nossa teoria vai por água abaixo, apesar das pequenas dimensões que lhe rendeu a denominação de Kinder Ovo, essa pequena sala é inédita, não representada em nenhum mapa anterior.
Faz parte… exploração é assim mesmo, um misto de alegrias e frustrações, grandes e pequenas descobertas.
Mas ainda existem possibilidades nessas galerias superiores, em breve!
Saímos da Caverna de Santana e uma equipe seguiu para verificar uma outra possibilidade de continuidade na Gruta do Morro Preto.
Precisa detalhar?
Faz parte… exploração é assim mesmo, um misto de alegrias e frustrações.
Estamos no aguardo da estação seca a fim de retomar as explorações verticais no conduto do Rio Roncador, com maior potencial. Questão de revezamento, em busca das alegrias, nem que sejam necessárias algumas frustações. 🙂
LOG sintético da atividade:
* 14 a 17 de Fevereiro de 2015
Iporanga-SP, PETAR – Núcleo Santana: Caverna de Santana (SP-041), Exploração Vertical e Documentação fotográfica. Gruta do Morro Preto (SP-021), Exploração. Prospecção na área externa acima da Caverna de Santana: Gruta Noé (SP-XXX), Descoberta, Exploração, Plotagem e Fotografia.
GPME: Alfredo Luiz Bonini (Alfredão), Carla da Costa Guimarães, Ericson Cernawsky Igual (OvO), Fábio Bustamante (Azeitona), Fernando Vergos Torres, Gilson Tinen (GilSan), Marcia Akemi Yamasoe (Marcinha), Maurício Moralles e Patrícia Maria Montenegro Ortiz.
Participação: Mariane Ribeiro da Silva.
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