Abrindo novas possibilidades, a espeleológicamente desconhecida Natalândia, Minas Gerais

Não podemos negar que a tecnologia facilitou a prospecção espeleológica, e hoje podemos fazer breves reconhecimentos de ocorrências de calcários no conforto do sofá de casa.

Em uma dessas “viagens virtuais” identificamos no primeiro semestre de 2012 uma área bem interessante, com amplos e volumosos afloramentos calcários em uma cidade limítrofe de Unaí, denominada Natalândia. Trocas de e-mails e em minutos uma equipe de “prospecção virtual” estava em busca de informações.

Consulta ao CNC-SBE, ao CANIE e base de dados do CECAV e absolutamente nada cadastrado. A área interessante passou a ser mais interessante ainda…

Outra consulta, dessa vez histórica, na publicação “As Grutas em Minas Gerais – IBGE 1939” e a principio também nada…

Mas uma pesquisa mais aprofundada identificando a hidrografia revelou a denominação de um curso d´água que também estava citada na publicação de 1939.

Já tínhamos referência concreta, abaixo descrita:

LAPAS DO RIACHO DOS CAVALOS

MUNICÍPIO DE PARACATÚ

Situadas em terrenos da fazenda do Riacho dos Cavalos, no distrito da vila de Unaí.

Essas grutas, em numero de treze, são todas de natureza calcárea. Uma delas acha-se em frente à casa do tenente Cândido José de Moura.

(Página 179 – Reproduzido na íntegra de As Gruta em Minas Gerais, IBGE 1939)

A referência está originalmente descrita em Paracatu, mas sucessivos desmembramentos municipais (Paracatu > Unaí > Bonfinópólis de Minas > Natalândia) conservaram essa referência no novo município. (Fonte: www.cidades.ibge.gov.br/)

Faltava apenas um reconhecimento…

Procurar novas frentes naquela região não foi uma busca a toa, a proximidade com Presidente Olegário, carste explorado pelo GPME desde Setembro de 2007, hoje com mais de 200 cavidades conhecidas, conduziu a nossa busca.

Dessa forma, pretendíamos fazer esse primeiro reconhecimento durante a 8ª Expedição Presidente Olegário, 2012-2013, mas as descobertas rendendo em volume e a Folia de Reis da Vereda da Palha acabaram nos convencendo a protelar nossos planos.

Mas nosso primeiro reconhecimento não tardava a acontecer…

No retorno para São Paulo da Expedição Goiás 2013, mesmo com o tempo curto, as férias da maioria acabando, organizamos uma pequena equipe com maior disponibilidade de tempo e enfim seguimos para fazer o primeiro reconhecimento.

Fim de tarde do dia 28 de julho, domingão, dormimos em Unaí, evitando o risco de não encontrar hospedagem e alimentação em Natalândia.

No dia seguinte, dia 29, saímos cedo e tão logo começamos a nos aproximar da cidade os queixos começaram a cair, calcários aflorantes pra todo lado, nem sabíamos por onde começar, visto que ainda naquela noite precisávamos estar de volta na estrada e o ataque precisava ser rápido. Chegamos à cidade, fizemos um breve reconhecimento, identificamos uma hospedagem legal (Pousada Central da Dona Maria) para futuras expedições, pegamos os contatos, e pé pro mato.

Logo na primeira fazenda que chegamos já recebemos a boa notícia… “é só seguir nesse carreiro que chega numa caverna”

E lá fomos nós, um olho na trilha e outro no relógio.

Menos de 10 minutos de caminhada e estávamos de frente a uma entrada considerável, e uma rápida exploração revelou uma cavidade com potencial para aproximadamente 1 km, denominada Gruta dos Macacos em alusão a um bando que nos observava nas proximidades da entrada.

Nat2013_01

Entrada da Gruta dos Macacos I (Vista de dentro pra fora)


Saindo observamos que havia mais outra entrada próxima, e bingo, outra cavidade, essa de menor dimensão, denominada Gruta dos Macacos II.

Voltamos para o carro em disparada, com o pensamento dividido entre a trilha e o agendamento do retorno. Só que a curiosidade é mais forte, e na estrada avistamos um afloramento muito próximo, com uma pedreira artesanal ao lado, e lá estávamos batendo mato de novo, localizando dessa vez duas cavidades de pequena extensão.

Resolvemos almoçar na Pousada Central e lá recebemos informação de outra cavidade de fácil acesso, coladinha numa estrada.

A tal da curiosidade…

Engolimos o almoço em regime de urgência, acertamos a conta e em menos de 10 minutos localizamos a referência a titulo de “sobremesa”. Paramos o carro quase na entrada, exploração rápida e pé na estrada, tampamos os olhos, os ouvidos e fizemos um pacto para não parar mais, seja como fosse qualquer outro afloramento.

Foi difícil, mas cumprimos…

Cinco cavidades em explorações expressas em parte de um único dia… Agora a ansiedade toma conta, pretendemos retornar em breve, em expedição especifica e com a devida tranquilidade e tempo para uma detalhada prospecção.

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