1ª Expedição Natalândia, 2014 – 2015

Nosso interesse por Natalândia vem do primeiro semestre de 2012, quando identificamos virtualmente o carste do município e identificamos a referência histórica citada na publicação “As Grutas em Minas Gerais, IBGE 1939”.

Ensaiamos durante mais de um ano, até que conseguimos concretizar um rápido reconhecimento com uma equipe no final de Julho de 2013, no retorno da Expedição Goiás 2013, que rendeu a descoberta de cinco cavidades, uma delas com potencial para mais de 1 km.

Saiba mais: Abrindo novas possibilidades, a espeleológicamente desconhecida Natalândia, Minas Gerais

Pretendíamos fazer nessa Expedição 2014 – 2015 uma ocasião de maiores proporções, mas com a perda recente de uma associada muito querida do grupo em um acidente automobilístico, preferirmos fechar o ano sem alardes. E assim a nossa expedição foi organizada discretamente e com poucos integrantes, seguimos em apenas três pessoas.

Saímos de São Paulo na manhã do dia 27 (sábado) em duas pessoas (Ericson e Gilson), passamos por Americana e pegamos o terceiro integrante (Bruno). Chegamos ao final do dia no Hotel São José em Varjão de Minas, aonde paramos por um dia para visitar os amigos do carste de Presidente Olegário e acompanhar a Folia de Reis da Vereda da Palha.  Difícil de explicar, mas a hospitalidade, amizade e acolhimento nos fazem se sentir totalmente em casa e de certa forma nos sentimos também parte dessa comunidade que valorizamos e respeitamos muito, e assim passar por lá pra rever os amigos, matar a saudade, é um grande prazer!

E sem se atentar a datas, fomos sem programar nada e justo no dia 28 estava ocorrendo a cerimônia de entrega da Folia de Reis, que tivemos a alegria de acompanhar até tarde da noite, e na hora da despedida fomos convidados a retornar para o encerramento. Prometemos voltar!

Dia 29 acordamos cedo e seguimos para o esperado retorno a Natalândia. Seguimos dicas que recebemos durante a Folia de Reis de trajetos que não constam nos mapas e valeu muito a pena, cortamos um bom trecho e chegamos ao destino final próximo do almoço, arrumamos nossas vagas no Hotel Central da Dona Maria e obviamente aproveitamos e fizemos um bom prato antes de sair pra campo.

Ao contrário do reconhecimento inicial relâmpago que fizemos em 2013, dessa vez a pretensão era conhecer toda a extensão do carste do município, ou grande parte, e iniciar o trabalho de documentação topográfica. Porém com a equipe restrita efetuamos apenas o trabalho de prospecção, exploração e posicionamento das cavernas, estradas e maciços calcários.

Dessa forma, já começamos os trabalhos e como o tempo era curto, naquele dia, e dessa vez não tínhamos pressa, seguimos para os afloramentos próximos da estrada parcialmente prospectados em 2013. Além das duas cavidades já identificadas, identificamos outras quatro, e para fechar a tarde com chave de ouro ainda identificamos um painel com algumas pinturas rupestres. Depois de descobertas subterrâneas, o sol forte proclamava que descobríssemos um ponto de alivio do calor na cidade, foi quando descobrimos a Sorveteria Moranguinho, que virou nossa parceira nos dias seguintes de atividades, aonde se entupíamos de sorvetes para depois de entupir com o saboroso jantar na Dona Maria.

Dia 30 resolvemos seguir para o lado oposto da cidade, aonde localizamos uma ressurgência de grandes proporções, belíssima, ampla, larga e a exploração revelou uma cavidade que estimamos também próxima de 1 km, com acesso superior, grandes salões. Reconhecemos que essa seria uma área com imenso potencial e consideramos merecedora de uma ampla campanha de prospecção, com várias equipes e como a tarde avançava, resolvemos seguir e fazer reconhecimento rodoviário em outra área do município, aonde identificamos uma série de afloramentos bem interessantes. De volta pra cidade, claro, com parada na Sorveteria Moranguinho.

Dia 31 retornamos ao ponto que havíamos iniciado tudo em 2013, na Gruta dos Macacos I e II, refinamos o ponto de GPS, fizemos outra exploração e confirmamos o potencial já estimado em 2013, e pra fugir do sol forte aproveitamos o horário do almoço pra produzir algumas fotos. Mais à tarde, com o sol menos agressivo, seguimos prospectando e identificamos outras três cavidades, uma delas com gênese bem interessante. Hora de seguir pra Sorveteria Moranguinho!

Natalândia é uma cidade bem tranquila, e a virada de ano não foi diferente. Seguramos o sono a todo custo, um dos integrantes da equipe optou comemorar a virada de ano em sonhos, mas os outros dois foram durões, e meia noite e cinco após comemorar sem ver mais ninguém na rua, seguiram o exemplo do primeiro. A duvida se o cachorro deitado abanou o rabo a meia noite perdura, um diz que sim, o outro diz que não…

Dia 01 de janeiro, acordamos mais tarde, e como o povo que mora no Hotel Central estava na tranquilidade, alguns haviam retornado para a cidade natal e os funcionários em dia de descanso, a Dona Maria pediu que buscássemos o tradicional Pão de Queijo na biscoiteira da cidade. Grande descoberta, na 2ª Expedição vai ser nosso ponto de produção de lanches de caverna.

Durões que somos, o dia não ficou livre, lá fomos nós em buscas de outras referências. Mas esquecemos que as pessoas “normais” preferem descansar nesse dia… 🙂 Acabamos encontrando porteira fechada na fazenda que tínhamos indicação e então retornamos e resolvemos fazer um giro nos platôs que margeavam os calcários, mas após algumas dezenas de quilômetros percebemos que não estávamos conseguindo se aproximar dos afloramentos e retornamos. A rodada valeu a pena, apesar de não ter sucesso no aspecto espeleológico, foi um período de boa observação de fauna.

Mas no retorno observamos uma estrada que havia passado despercebida anteriormente. Não hesitamos, entramos e chegamos a uma fazenda na região do Riacho dos Cavalos (Referência IBGE 1939) com porteiras abertas, aonde fomos muito bem recebidos e recebemos indicações de localização de algumas cavernas.

Atravessamos a plantação e chegamos próximos de um belo maciço. Com o sol forte resolvemos parar para o lanche em uma área sombreada e com blocos desmoronados confortáveis como bancos. Lanche feito e o Bruno faz um comentário… “Esse buraco atrás do bloco parece que continua” e continuava de fato, uma descida estreita de uns 2 metros, um teto baixo, e se abre a rede de galerias, que estimamos superior a 800 metros, e um lance vertical que promete, ficou para a próxima expedição… Logo na entrada uma velha cabeça de enxada enferrujada inspirou a denominação, e batizamos de Gruta da Enxada. Saímos e continuamos a prospecção, localizando mais quatro cavidades, algumas provavelmente relacionadas naquelas citadas pelo IBGE em 1939.

Retornando para a cidade, pausa rápida na Moranguinho, e aproveitamos o final do dia para melhorar o ponto de GPS da ultima cavidade levantada em 2013. Ponto refinado, aproveitamos para enfim dar uma denominação, e um cocho de alimentação do gado praticamente dentro da caverna foi nosso elemento de referência, Gruta do Cocho, coincidentemente a ultima cavidade dessa campanha. Rodamos mais um pouco no maciço, mas a noite caindo nos convidou a retornar para a cidade e relaxar para a última janta com a Dona Maria, que nos surpreendeu incluindo com um excelente Yakisoba.

Lembram que combinamos de retornar para o encerramento da Folia de Reis da Vereda da Palha? A gente promete, a gente cumpre, aqui é GPME mano! 🙂

Fechamos a expedição contabilizando 18 cavernas para o município de Natalândia, 5 no primeiro reconhecimento em 2013 e 13 descobertas durante essa expedição, mas isso é só um começo.

Dia 02 acordamos, café, fechamos a conta com a Dona Maria, organização das mochilas e carro, e estrada. Aproveitamos para visitar a Lapa Nova em Vazante e ainda passamos pelo centro da cidade de Presidente Olegário para visitar o Wesley, nosso sócio emérito, e bater papo com o Palito, Prefeito de Presidente Olegário. Jantamos na cidade e seguimos para o Hotel São José em Varjão de Minas.

Dia 03 acordamos sem pressa e seguimos para a Vereda da Palha acompanhar o encerramento da Folia de Reis, rever os amigos, comemorar e ainda tivemos a oportunidade de passar o vídeo da expedição do ano passado.

Veja o vídeo: 10ª Expedição Presidente Olegário 2013-2014

E no dia 04 iniciamos o inevitável retorno para São Paulo, já ansiosos para retornar para Varjão de Minas, Presidente Olegário e Natalândia.

2015 – 2016? Provavelmente!

GALERIA DE FOTOS

DSC01530

DSC01534

DSC01539

DSC01544

DSC01568

DSC01571

DSC01594

DSC01650

DSC01652

DSC01664

DSC01668

DSC01670

DSC01672

DSC01686

DSC01693

DSC01699

DSC01701

DSC01704

DSC01714

DSC01757

DSC01781

DSC01782

DSC01792

DSC01793

DSC01801

DSC01804

DSC01806

DSC01807

DSC01808

DSC01809

DSC01836

DSC01843

DSC01847

DSC01856

DSC01857

DSC01863

DSC01865

DSC01878

DSC01887

DSC01890

DSC01895

DSC01960

DSC01968

DSC01969

DSC01971

DSC01974

DSC01975

DSC01978

DSC01983

DSC01984

DSC01987

DSC01989

DSC01993

DSC01994

DSC02007

DSC02009

DSC02030

DSC02032

DSC02048

DSC02050

DSC02084

DSC02102

DSC02107

DSC02114

3 Comments

  1. Maike Alves 26/12/2016 at 13:43 - Reply

    Boa tarde,
    Belo trabalho, vocês divulgam os pontos encontrados, como os dados GPS?

    • Ericson 13/03/2017 at 18:16

      Boa tarde Maike,

      Todas as cavernas são cadastradas no CNC (Cadastro Nacional de Cavernas do Brasil) e os dados ficam públicos.

      Abraços

      Ericson

  2. Cintia 13/03/2023 at 12:44 - Reply

    Lindas as fotos, a região é muito bacana mesmo

Leave A Comment Cancelar resposta