Fonte: Webventure
Por Amanda Nero | 03/06/2011 – Atualizada às 16:12
Itu, cidade a 98 quilômetros da capital paulista, agora tem mais um motivo para ser conhecida como a Terra dos Superlativos: um grupo de espeleólogos descobriu ali uma gruta que pode ser a terceira maior caverna de granito do mundo.
A Gruta do Riacho Subterrâneo já era conhecida há muito tempo, conta Ericson Cernawsky, do Grupo Pierre Martin de Espeleologia (GPME). “Mas, há dois anos, um amigo de uma integrante nos mostrou uma foto do lugar”, diz. A imagem indicava que o buraco tinha potencial, acendendo o interesse dos pesquisadores, que começaram a explorar a área.
Até agora, já foram mapeados 1.249 metros de projeção horizontal (a soma da planta da caverna). Este número já deixa para trás a Goolie Cave, na Austrália, até então a maior de granito do Hemisfério Sul, com 600 metros.
No ranking mundial, a Gruta do Riacho Subterrâneo – assim batizada por causa de um rio encontrado em seu interior – já é a sexta maior do planeta. Mas, caso a expectativa de que ela tenha 2 mil metros seja confirmada, ela passa a ser a terceira. Ericson acredita que com mais um ano de trabalho já será possível ter essa informação.
Buraco negro
E por que uma caverna de apenas 2 quilômetros de extensão seria tão especial, se a maior do mundo – a Mammoth Cave, nos Estados Unidos, de calcário – tem mais de 600 quilômetros? Justamente por ela ser de granito, uma rocha que sofre menos erosão do que o calcário e, consequentemente, acaba tendo formações menores.
Para se ter uma ideia da importância dessa descoberta, a maior caverna de granito no Brasil até então, a Gruta do Quarto Patamar, em Santo André (SP), tem apenas 350 metros. Mas, apesar de o granito não ser tão solúvel como o calcário – condição que favorece a erosão – a rocha é mais comum do que se pensa, diz Carlos Eduardo Martins, também do GPME.
E não é apenas o tamanho que torna importante o buraco de Itu. Ele esconde outras surpresas em suas profundezas: uma variedade incrível de espeleotemas (como as estalagmites e as estalactites), algumas criadas por meio de ações bacterianas; fragmentos de cerâmica ainda não datados, que podem ser de origem cabocla ou indígena; e uma enorme diversidade de fauna específica de cavernas – 98 espécies já foram identificadas pelo Laboratório de Estudos Subterrâneos da UFSCar, sob a coordenação da professora-doutora Maria Elina Bichuette.
A Gruta do Riacho fica dentro de uma propriedade privada, onde funciona o Camping do Casarão. Seu dono, Marcus Lerner, diz querer conservar a caverna e seu entorno. “Ele é uma pessoa consciente”, conta Ericson. Há a ideia de montar ali um museu com textos e fotos sobre o lugar e a possibilidade de abrí-lo para visitação guiada. “Mas, a intenção é que a área seja mais um local de estudo do que destinado ao turismo”, diz o pesquisador.
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