Pesquisadores da UFRGS fazem medições na Gruta dos Índios em Santa Cruz do Sul – RS

Fonte: GAZ

Medições feitas ontem nortearão mapa da caverna possivelmente escavada por preguiças gigante

ROSEANE BIANCA

Grupo da universidade federal que estuda o local há oito meses retornou para fazer as medições

Grupo da universidade federal que estuda o local há oito meses retornou para fazer as medições     Foto: Rodrigo Assmann

Há cerca de oito meses estudando a gruta do Parque da Gruta, os pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) integrantes do Projeto Paleotocas – coordenado pelo professor Francisco Buchmann – retornaram ao local na tarde de ontem. Agora, o grupo busca aprofundar a constatação divulgada no final do mês de abril do ano passado que aponta a gruta como uma paleotoca cavada por preguiças gigantes.

Na visita, o geólogo Heinrich Frank encabeçou o trabalho de medição da caverna que vai nortear a confecção de um mapa da área. Para isso, o grupo utilizou um teodolito, instrumento de topografia que possibilita medir ângulos verticais e horizontais. Conforme Frank, a metodologia foi testada no município de Vale Real, onde os pesquisadores também descobriram uma paleotoca com curvas e feições elípticas semelhantes às verificadas na gruta de Santa Cruz. “O teodolito não é uma tecnologia de ponta, mas é muito eficiente para fazer uma planta baixa a fim de provar que a gruta não é resultado da ação de águas subterrâneas”, explica.

Segundo o geólogo, o tipo de paleotoca observado no Parque da Gruta, caracterizado pela presença de câmaras horizontais de formato elíptico, facilita a execução do trabalho. Os outros tipos, formados por túneis estreitos com diâmetro entre 1 e 4 metros de largura, não permitem o acesso com o equipamento, sendo necessária a utilização de uma bússola. “A raridade torna a paleotoca de Santa Cruz ainda mais interessante para nós. Pelo tamanho da caverna, é provável que o abrigo tenha sido escavado por diferentes gerações de preguiças gigantes ao longo dos anos. Outra hipótese é a existência de diferentes espécies de preguiças”, acredita Frank.

Para embasar a dedução, o grupo incorporou como desafio encontrar outras paleotocas no formato de câmaras na região. Eles acreditam que os morros areníticos localizados no Vale do Rio Pardo são propícios à existência e preservação dessas estruturas. Em março, os pesquisadores devem iniciar uma investigação em Passo do Sobrado.

O mapa do possível abrigo de preguiças gigantes no Parque da Gruta deve ser concluído até o fim de fevereiro. Nele, serão diferenciadas as feições originais das partes modificadas. “A ideia é transmitir como é a caverna para quem nunca viu”, explica Frank.

Complementado por fotos e informações, o mapa deverá integrar um artigo científico, no qual também será apresentada a caverna de Vale Real como restos de antigas paleotocas. O geólogo salienta que a revisão do manuscrito, por parte dos cientistas, será um passo importante na análise crítica dos dados e confirmação dos estudos.

ENTENDA

No final de abril de 2012, pesquisadores da Ufrgs divulgaram estudo dando conta de que a gruta situada no Parque da Gruta, em Santa Cruz, era uma paleotoca escavada por preguiças gigantes.

Análise das feições existentes nas paredes da gruta, um levantamento fotográfico e uma avaliação da fauna embasaram o estudo. A pesquisa também mostrou que a gruta sofreu modificações e atos de vandalismo.

Dentre as constatações, os pesquisadores afirmam que a posição da gruta confere com outras paleotocas já encontradas, e que as paredes lisas foram produzidas pelo roçar dos corpos das preguiças gigantes. Conforme o estudo, se a gruta tivesse sido escavada pelos índios, haveria marcas de ferramentas nas paredes. No entanto, em dois pontos da caverna, há possíveis marcas de garra.

Existem paleotocas em Boqueirão do Leão, Bom Retiro do Sul, Agudo, Tabaí e Fazenda Vilanova. Segundo os pesquisadores, deve haver outros locais semelhantes em Passo do Sobrado e Vale Verde, onde os morros areníticos são muito propícios à preservação de paleotocas.

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