Luiz Carlos de Alcântara Marinho, conhecido no meio espeleológico como Nego Duro (apelido dado pelos espeleólogos europeus da velha guarda, porque não tinha medo de água fria) faz 90 anos hoje. É pai do sócio fundador do GPME, Maurício de Alcântara Marinho.
Iniciou suas atividades de exploração e documentação de cavernas nos idos de 1964, após participar de uma excursão com um grupo de amigos na Caverna do Diabo, que era nomeada Gruta da Tapagem, utilizando lanterna elétrica e carregando uma grosa de pilhas grandes, o equivalente a 12 dúzias de pilhas. Percorreram um trecho considerável da galeria do rio.
A partir desse contato participou de uma reunião do Clube Alpino Paulista (CAP) e conheceu Michel Le Bret, Peter Slavec e parte de famosos montanhistas e espeleólogos associados ao grupo. Logo depois integrou o grupo liderado por Pierre Martin e Guy Collet, com participação de europeus e franceses.
Foi em 1964 que Marinho participou do I Congresso Brasileiro de Espeleologia, nas proximidades da entrada do portal principal da Caverna Casa de Pedra, que contou com a presença de Pedro Comério, funcionário do Instituto Geográfico e Geológico (que precedeu o Instituto Geológico), um dos idealizadores do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR).
Em 1969 foi criada a Sociedade Brasileira de Espeleologia e como sócio fundador nº 7, emprestou a garagem de sua casa, no bairro da Aclimação para funcionar como sede da SBE.
Marinho participou, entre 1964 e 1973 de muitas atividades e expedições espeleológicas, principalmente nas explorações de cavernas no PETAR e vizinhança, destacando o mapeamento da Caverna de Santana e descobertas com as primeiras topografias da Gruta das Pérolas, Abismo da Paçoca, Gruta Temimina II, Gruta do Grilo, entre outras, incluindo o Abismo do Marinho, localizado ao lado da entrada da caverna de Santana. Essas atividades contavam com a participação fundamental de guias locais, destacando o JJ (Joaquim Justino) e Vando (Vandir de Andrade), que se tornaram grandes amigos de Marinho e também pioneiros da espeleologia nacional.
Com apoio de seu pai, Pedro de Alcântara Marinho, que cedeu duas Ford Rural, realizaram as primeiras expedições de reconhecimento de cavernas em Goiás e Bahia, entre 1970 e 1972, com a descoberta de conexão dos Sistema Angélica-Bezerra, em São Domingos, a partir do uso de traçadores (fluoresceína e rodamina).
Era uma fase de descoberta e inovação das técnicas de exploração e mapeamento das cavernas no Brasil, a partir da adaptação do conhecimento trazido pelos europeus, principalmente da escola francesa.
Marinho era o fotógrafo oficial nas atividades de documentação das cavernas, dentro de um disciplinado planejamento de atividades, conduzido por Pierre Martin. Foi a partir dessa vivência e aprendizado que liderou a expedição de reconhecimento da Gruta Ricardo Franco, expedição familiar que contou com apoio do general Muniz Barreto, em 1972, caverna de significativo valor histórico, localizada no Forte de Coimbra, área tombada pelo IPHAN e que sedia base do Exército brasileiro, em Corumbá/MS, às margens do Rio Paraguai.
O GPME presta homenagem aos 90 anos do Nego Duro, companheiro do Pierre Martin e de tanta gente, uma parte que já nos deixou e de novas gerações que seguem batalhando pelos ideais de uma espeleologia que preza, antes de tudo, pelo companheirismo e pela missão de documentar nosso vasto patrimônio espeleológico.
Encerramos essa homenagem concedendo o titulo de Sócio Emérito Nº 21 do GPME, aprovado por unanimidade pelo coletivo de associados do grupo.
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