Fonte: Fantástico
A caverna visitada é uma caverna proibida. Os biólogos consideram que ninguém deve ir. Morcegos brancos são raríssimos e estão ameaçados de extinção.
Serra do Catimbau, sertão pernambucano. É pra lá que a gente vai, agora, numa aventura que exige certa dose de coragem. O repórter Francisco José decidiu entrar na caverna dos morcegos, esses mamíferos que voam, vivem na escuridão e cantam como pássaros.
Paredões com mais de 100 milhões de anos. Este é o Parque Nacional da Serra do Catimbau, em Pernambuco.
Nas encostas da muralha de arenito, dezenas de cavernas formadas pela erosão, ao longo do tempo. Uma dessas fendas abriga a maior população de morcegos dos sertões nordestinos.
O parque fica a 300 quilômetros do Recife.
Chegamos de carro até onde foi possível. A vegetação seca da caatinga bloqueou nossa passagem, no alto da serra.
O guia Genivaldo fala sobre a dificuldade em acessar o local: “Vai ser um pouco difícil, mas em três ou quatro horas nós vamos chegar na entrada da caverna”.
Iniciamos a descida do paredão para chegar à caverna dos morcegos.
É uma trilha improvisada. Porque ninguém visita a caverna. Só os nativos da região têm conhecimento da sua localização.
O local tem abismo de um lado e do outro. Para andar pela trilha é necessário equilibrar bem e torcer para que o sapato não escorregue.
A equipe está quase chegando à entrada da caverna dos morcegos. Ela tem cerca de 100 metros de extensão e lá dentro é uma escuridão total.
Na primeira etapa da caverna, o teto é muito baixo. As pessoas têm que passar quase se arrastando pela pedra, porque ao lado tem um abismo. Andar para os lados é perigoso.
Na parte mais alta da caverna o cheiro vai ficando mais forte. E é nesse local que os morcegos começam a aparecer, obrigando que a equipe tenha que ficar em pé. Com a ajuda das luzes de lanternas é possível ver os morcegos desgrudando do teto. Tem 180 espécies no Brasil. 80 na caatinga, no nordeste. E pelos estudos, 40 dessas espécies estão dentro da caverna que o Fantástico visitou.
Entre os morcegos do local, de 40 espécies, três são considerados morcegos vampiros, porque se alimentam exclusivamente de sangue. E tem uma espécie que, se não se alimentar de três em três dias, morre pela falta do sangue. Por isso eles saem para caçar à noite.
Alguns morcegos são amarelos. A parte amarela é o efeito da amônia provocado pelos excrementos dos animais no ambiente fechado, que muda a cor desses morcegos.
E durante a visita foi encontrado também um morcego branco. Essa espécie é raríssima. Os brancos estão desaparecendo porque só vivem em ambientes onde existem cavernas como a que foi visitada pelo Fantástico.
Os biólogos consideram que ninguém deve ir à caverna. Primeiro, para não estressar os bichos. Segundo, pelo risco de contaminação. Muitos dos morcegos podem transmitir doenças.
Em uma parte do teto da caverna possui uma fenda pequena. Nesse local, o barulho das asas dos morcegos é muito grande.
O professor Enrico Bernard, da Universidade Federal de Pernambuco, está gravando o canto dos morcegos.
“Ele emite bastante som. Só que a gente não consegue ouvir. Porque ele emite um som acima da frequência do ouvido humano.”, explica o biólogo Enrico Bernard, chamando a atenção para sons que eles emitem quando estão voando e procurando insetos.
O som do morcego parece o canto de um pássaro. E cada espécie tem uma forma diferente de cantar.
A ciência já havia mostrado como os morcegos usam o som para se localizar.
“Além dos cinco sentidos que nós temos: visão, audição, olfato, paladar e tato, o morcego tem também um sexto sentido que é um sonar”, conta o biólogo Enrico Bernard.
O professor conta que os morcegos emitem pulsos de som. “Esse pulso viaja, bate num objeto e gera um eco. E a partir desse eco, ele consegue se orientar no espaço durante a noite, em plena escuridão.
Estudos sobre esta capacidade dos morcegos inspiraram a criação do radar. Os morcegos também usam o som como forma de comunicação.
O professor explica que o morcego é capaz de emitir um som social: um morcego comunicando com outro.
A maioria dos morcegos que vivem na caverna do Catimbau se alimenta de néctar das flores de cactos, de frutos e de insetos. E também como pássaros, os morcegos espalham as sementes que ajudam na polinização da caatinga e na preservação do meio ambiente.
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