Esta notícia é resultado da tradução pelo GPME da seguinte fonte: The Independent (17 de Julho de 2013)
O aclamado fotógrafo Sebastião Salgado diz que suas imagens atualmente em exposição no Museu de História Natural procuram retratar o “mosaico deslumbrante da natureza em toda a sua grandeza intacta”.
Mas o museu está agora sob o fogo dos ambientalistas, depois de aceitar o patrocínio para a exposição de um gigante da mineração acusado de ameaçar paisagens semelhantes às capturadas pelo fotojornalista brasileiro. Em uma pesquisa de 2012 realizada pela organização “The Public Eye”, a mineradora brasileira Vale foi condecorada com a dúbia distinção de ser a empresa com o “maior desprezo para o meio ambiente e os direitos humanos” no mundo.
Mas o patrocínio dessa empresa na exposição do Museu de História Natural gerou raiva entre os ambientalistas, principalmente por causa do envolvimento da empresa na polêmica usina de Belo Monte, que os críticos alegam que vai inundar cerca de 500 quilômetros quadrados de floresta amazônica e deslocar os povos indígenas, como aqueles descritos em Gênesis, na exposição de Salgado.
“A Vale não tem nenhum interesse patrocinando uma exposição que reverencia a natureza intocada, dada a atuação da empresa em relação aos direitos ambientais e humanos na Amazônia, incluindo o fato de que é o maior investidor privado na barragem de Belo Monte no Brasil”, disse Christian Poirier, um militante para Amazon Watch, disse ao jornal The Independent. “Isto é greenwashing”.
Mas na noite passada o Museu de História Natural defendeu sua decisão. “Ao aceitar o patrocínio da Vale, o museu reconhece compromisso positivo tanto da Vale para iniciativas de sustentabilidade através do Fundo Vale para o Desenvolvimento Sustentável e publicidade negativa em relação à sua construção da barragem de Belo Monte”, disse um porta-voz. “O equilíbrio das relações humanas com o nosso planeta é um tema central para a exposição Salgado. Acreditamos que o desafio é trabalhar com responsabilidade para encontrar um equilíbrio entre o uso ea proteção dos recursos naturais, e que a Vale está trabalhando de uma maneira respeitável. “
Os ambientalistas discordam e receberam apoio um célebre diretor de cinema, James Cameron, que visitou o Brasil em 2010 e reivindicou que uma batalha como a do filme Avatar estava sendo travada na vida real entre as comunidades indígenas e as empresas de construção de construção da barragem.
A Vale afirma que modificou os planos de construção originais para evitar inundar terra indígena, e diz que 5.000 famílias que vivem “em condições impróprias para habitação, nas margens dos cursos de água serão realocados para as cidades onde eles terão a infra-estrutura de que necessitam para viver uma vida digna”. A Vale também destaca os benefícios do projeto, que tem o potencial de gerar 11.233 MW de energia renovável em um ano e irá compensar as comunidades afetadas, com US $ 89 milhões (£ 58 milhões) por ano.
A empresa chamou as acusações por The Public Eye sérias e sem fundamento e deixou claro que é apenas uma acionista minoritária com 9% de participação na barragem.
Falando ao The Independent , Sebastião Salgado reconheceu as preocupações dos ambientalistas sobre corporações como a Vale, mas foi rápido para defendê-los. “O problema não é as empresas petrolíferas ou mineradoras, mas o sistema de vida que criamos.”
Saiba mais:
Brazil’s Belo Monte Dam – Sacrificing the Amazon and its Peoples for Dirty Energy
Vale pode ganhar título de pior empresa do mundo
Vale vence o Public Eye Awards, premio de pior empresa do mundo
Vale: Pior empresa do mundo. Vídeo de agradecimento do Movimento Xingu Vivo para Sempre
Nota do GPME:
Infelizmente vinculos negativos como esse também estão presentes na espeleologia institucional brasileira. O vínculo formal de instituições de espeleologia com mineradores e demais empreendedores que destroem o patrimônio espeleológico e ambiental como um todo é nocivo e colocam a atuação dessas instituições sob suspeita. Água e óleo não se misturam…
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