Operação Transitorium – Santana -2022-2023

Caverna de Santana: SBE-CNC SP 041

Topografia em andamento: atual 8.730m

OBJETIVO: explorar e transpor o sifão e as cavidades não inundadas presentes entre o sifão, encontrados na Caverna de Santana. O resultado prático destas explorações deverá ser apresentado na forma de dados de topografia, imagens e um relatório do projeto.

Pré-requisitos:

  • 1-Equipe de espeleomergulhadores treinada e equipada.
  • 2-Habilidades desejáveis para a exploração nas áreas não inundadas:
    • -Experiência em deslocamento e longa permanência em ambientes subterrâneos (cavernas).
    • -Topografia (com equipamento Mnemo). Método: Estabilização do equipamento em posição fixa/calibração da bússola interna/deixa ligado no bolso da roupa/ termina, tira, coloca no cabo guia e vem coletando as informações de azimute, distância e profundidade).
    • Documentação de imagem.
    • Uso de sistemas de comunicação com o grupo “externo” ao sifão.
    • e-Resposta adequada e organizada a situações de emergência.
  • 3-A exploração de uma cavidade não inundada depende do número de espeleomergulhadores disponíveis no local:
    • Dois (mínimo aceitável) – 1 coloca o cabo guia e o outro (2) aguarda o seu retorno. Não há exploração na cavidade não inundada.
    • Dois espeleomergulhadores colocam o cabo-guia, o sistema de comunicação e medem a qualidade do ar. O 3º. Espeleomergulhador permanece do lado “externo” do sifão, para auxilio em caso de emergência. Pode haver exploração da cavidade não inundada.

Quatro ou mais – após os procedimentos acima, pode haver exploração e topografia da cavidade não inundada mas sempre se mantendo pelo menos um espeleomergulhador no lado “externo” do sifão, acompanhando a comunicação com o grupo de exploração e preparado para agir em caso de emergência. Um número maior de espeleomergulhadores nestas condições é desejável.

REFERÊNCIAS DE MERGULHOS NO SIFÃO MENEZES

Projeto Leviathan ’93 – Transcrição

(OBJETIVO)…O segundo evento foi a realização de uma expedição na caverna de Santana (duração de 10 dias), com o objetivo de explorar e topografar o trecho que vai do Salão Ester até os ramos Meneses e Lontras, com a passagem dos respectivos sifões no final de cada um deles. Este objetivo foi determinado a partir do potencial demonstrado em um reconhecimento que realizamos alguns meses antes da exploração…

(LOGISTICA)…O grupo de exploração era formado de 15 pessoas, entre brasileiros e italianos.

A logística da expedição foi organizada de modo que tornávamos todos as noites ao Bairro da Serra.

No Salão Ester montamos um campo base avançado principal, onde seria o ponto de operações intermediário entre as equipes de exploração e a equipe externa.

Neste campo deixamos vários cilindros de ar, material de primeiros socorros, equipamentos de mergulho e outros, alimentação, etc.

Também havíamos uma conexão telefônica com uma equipe que estava na casa dos guardas-parque no núcleo Santana…para pedir ajuda externa…ao mesmo tempo uma equipe já podia entrar na caverna com o material necessário…para iniciar um pronto socorro. Uma outra função da equipe externa era verificar as condições meteorológicas e eventual caso de chuva na cabeceira do rio Roncador…se podia providenciar a evacuação da caverna.

(MERGULHO)…Uma vez no campo base avançado principal foi montado iniciamos com as explorações do sifão no ramo Menezes, equipando-o com o cabo guia e fixando-o. Depois de percorrer 100 metros deste sifão tivemos que desistir desta exploração devido as condições de perigo que o mesmo apresentava. Durante a passagem nos deparamos com desmoronamentos de lama que caiam em cima de nós e impediam-nos de prosseguir, por total falta de visibilidade e também total impossibilidade de prever outros fenômenos que podiam colocar em risco a equipe de exploração…

Abaixo, a referência da publicação, pelos italianos….

SÉRGIO BECK

Cutucão e Nenoret – 2

Dois Sifões Mergulhados no Betari

…No fim de semana de 17/18 de outubro uma equipe de mergulho enfrentou (e ultrapassou) o sifão da galeria Menezes, 270 metros aptos o salão Ester (Santana – SP – 41), por mais de 20 anos ponto final da exploração naquela direção. À falta de um grupo de mergulhadores, apenas o autor, carregando seu próprio equipamento. À falta de uma equipe de apoio como havia sido planejado, apenas dois “eras” carregando cilindros de 10 litros (210 Bar) aliem de lanche e lanternas subaquáticas: Tó (do E. G. Apiaí) e Alexander (do GH.E.U.). O transporte até o ponto do mergulho levou pouco menos de quatro horas. Desavisado e adormecido, o sifão caiu sem chances de revidar, revelando 45 metros de passagem inundada (6m de profundidade) que dão sequência a mais 100m de galeria aérea terminando em desmoronamento – este ainda não explorado por não ter o homem-sapo levado um calçado mais discreto para seus pés palmados…

Por Sérgio Beck.

Mergulho na Caverna de Santana, por Hsu Wang, 14/12/93

“Numa quarta-feira de Setembro de 1993, lá estava eu numa reunião do CEU planejando um viagem quando recebi uma proposta indecente do Beck:”Vou mergulhar na Santana, quer ir?” Chocante para um novato que acabara de frequentar o curso a alguns meses atrás e que mal sabia andar numa caverna seca horizontal. Então pensei: sempre reclamamos das poucas pranchetas abertas e da falta de projetos interessantes, por que não? Mal sabia da fria em que eu ia me meter.

O Beck iniciou o projeto de explorar e retopografar a caverna de Santana em 1989 com a participação do Shinobe, Sabugo e Anselmo. Já havia sido descoberto um sifão de 45m na galeria Menezes e o objetivo desta última viagem era passar o segundo sifão após o salão Estér e tentar achar novas galerias ou uma conexão a outra caverna. Tínhamos como indícios o fato de ter aparecido na Santana um corante jogado de outra caverna e o fato de ter sido encontrado supostos excrementos de lontra entre os sifões.

Anselmo, Beck e eu chegamos de madrugada no núcleo Santana e após um sono revitalizante na Santaninha, entramos às onze do sábado na Santana mesmo sem autorização (eu estava preocupado com a possibilidade de ser pego na saída, mas portões e burocracia nunca seguraram o Beck ). Quando estávamos nos aproximando do Estér, fomos abordados por outros espeleólogos com a seguinte pergunta: “O que vocês estão fazendo aqui?! A caverna está fechada para a expedição Leviatã! ” Mas os ânimos logo se acalmaram quando o Beck se apresentou. Era o pessoal de Curitiba e da SBE que estavam acompanhando a expedição italiana, que tinha acabado de chegar e estava levando todo o material de mergulho para o Estér. Logo chegou um grupo de uns dez italianos e quando o líder cumprimentou o Beck com “Famoso Beck! “, logo senti um clima de competição. Bateu-se um longo papo, inclusive sobre o fato do Beck não ter sido avisado que os italianos iriam mergulhar no sifões que ele estava explorando. Mas logo as coisas foram esclarecidas e o pessoal meio que se retratou da intrusão.

Seguimos nosso caminho, que começou a se tornar estreito e mais molhado à partir do Estér. Quando chegamos no 1o sifão, eu me perguntei “Que diabos estou fazendo aqui nesta fria ?! ” Mas era tarde, esperamos com água até o pescoço para passar as mochilas e mergulhamos em livre através do sifão de 2 metros. Apesar da roupa de neoprene, passei um frio desgraçado. A sensação de cruzar os 600 metros que ligam o 1o sifão ao 2o sifão foi como “o primeiro sutiã ninguém esquece”. Passar por um chão branquíssimo de calcita, rastejar por desmoronamentos e entrar em espaçosos salões foi emocionante. Nunca imaginei existir tanta coisa depois daquela merreca de sifão estreito.

Chegamos ao 2o. sifão e eu me odiava por não ter umas gordurinhas a mais. Com material de mergulho autônomo, tanque de ar, regulador e lastro, mergulhamos através dos 13 metros nos conduzindo por um cordim já instalado. Aquele túnel de água azul…uauh, lindo!

Começamos a explorar o desmoronamento que fechava o caminho a 10 metros do sifão tentando remover pedras e nos enfiando em todos os buracos. Numa dessas, o Beck esbarrou numa pedra que caiu de lado no meu rosto e fez um lindo arranhão. Enquanto eu me recuperava, o inconformado Beck continuava a fuçar. Lá se ia o sonho de achar a conexão da Santana (pelo menos por enquanto).

Batemos em retirada, rastejamos e nadamos carregando os tanques e lastros. Num trecho, devido ao cansaço, ao invés de passar pelo caminho tradicional, andamos pelo rio e o Beck, inacreditavelmente, ao enfiar a mão na água saiu com um pedaço de carbureteira. Era a parte inferior de uma carbureteira Fisma. Qual não foi nossa surpresa ao sair da caverna e saber que um dos italianos havia perdido exatamente a parte inferior de uma Fisma. Resta saber como ?!!

Saímos exauridos às cinco horas da manhã após 18 horas naquela água congelante. Mais fria que esta eu ainda nunca tinha me metido. Para o meu alívio, ao encontrarmos os guias do parque, eles encaram com naturalidade a nossa entrada na Santana, sem o escândalo que eu imaginava. Encontramos o pessoal da expedição Leviatã, devolvemos a carbureteira, informamos das nossas descobertas e desejamos boa sorte sabendo que pouca coisa podia ser feita. Foi o fim de um longo projeto… e apesar de ter participado apenas desta última viagem, foi uma aventura e tanto”.

FASE DE ORGANIZAÇÃO INICIAL DA ATIVIDADE

Pontos levantados na primeira reunião online:

– Necessidade de equipe grande para carregar equipamentos;

– Necessidade de cabo guia confiável;

– Equipes treinadas e capacitadas para os procedimentos técnicos;

– Uso do equipamento rebreather (não há deslocamento de bolhas, evita desprendimento de lama do teto e sedimentos em geral);

-Coletar dados topográficos do sifão (grava a cada ponto de amarração, a distância e azimute);

– Menezes: relato italianos 1993: cabeamento de 100m do sifão (abandonaram devido a desprendimento de lama).

– Equipamentos modernos: mudou a abordagem, melhorou a iluminação, permite explorar mais e melhor.

– Análise dos mapas, relatos anteriores de mergulhos (Italianos, Tuta e Beck).

– Reuniões e estudo completo da atividade, pelos mergulhadores, em vários momentos.

FASE DE ORGANIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E PLANEJAMENTO DE ATAQUE AO SIFÃO

REUNIÃO PRESENCIAL ITU (CAMPING CASARÃO), PONTOS LEVANTANDOS E DISCUTIDOS:

– Logística geral da atividade.

– Organização geral dos equipamentos e requisição das equipes de apoio.

– Galões para arrastar equipos de mergulho no sifão (Márcio providenciou).

– Plano de emergência para se preparar para um resgate real, tempo de resposta o mais curto possível. Elaborado por Maria Augusta Bacellar e Marcello Vazzoler.

– Contratação de seguro de vida para todos os membros da equipe, trabalho feito pela Maria Augusta Bacellar.

– Base de apoio: Ester (ASV, alimentação, ponto quente).

– Dupla de contato no sifão.

– Comunicação: Base Ester para Base Lageado (TPS e SPL).

– Sobreaviso: SER e GREBS.

– Montagem de rádios sem fio SPL feitos pelo Alfredo Bonini.

– Estudo de arquivos e manual do sistema Nicola de comunicação.

– Estudo de mapas e melhor posicionamento das antenas do Nicola, por Alfredo Bonini e Gilson Tinem.

Figura 1: Esquema gera de posicionamento das equipes de apoio.

A EQUIPE!

  1. Bruno Daniel Lenhare
  2. Carla da Costa Guimarães
  3. César Augusto Lima Conceição – GESAP
  4. Ericson Cernawsky Igual 
  5. Felipe Gomes Bedin
  6. Felipe Caetano -GESAP
  7. Flávio Oliveira
  8. Gilson Tinen
  9. Gustavo Carnevalli
  10. Irene Alves Ribeiro
  11. Jaqueline de Almeida Samila
  12. João Franco (mergulhador)
  13. João Vilazio (mergulhador)
  14. Leandro Barreto Bugni
  15. Lucas de Souza da Silva
  16. Marcello Cyrillo Vazzoler
  17. Márcio Augusto Scaravelli de Campos
  18. Maria Augusta de Souza Costa
  19. Mauricio Moralles
  20. Murilo Muller (monitor)
  21. Pamela Nathara Yoshimuta
  22. Raphaela Satie Nawa Velloso
  23. Renato Soares de Godoy
  24. Victor Scandiuzzi de Godoy
  25. Iracy Yumi Ito
  26. Welton
  27. Gert Seewald (mergulhador).

PLANEJAMENTO DAS MISSÕES

PARA SEXTA FEIRA, 23 DE SETEMBRO.

EQUIPE: Jaqueline, Gilson, Lucas, Marcello, Magu, Márcio, Murilo.

MISSÕES:

  1. Levar parte dos equipamentos para a BASE, salão Esther.
  2. Deixar mochilas de ponto quente na BASE Esther.
  3. Montar e testar rádio Nicola TPS (interno e externo).
  4. Passar fio, testar rádios SPL da Base Esther até Base Taqueupa.
  5. Registro fotográfico.

Gert , João e Jhonny: separar e conferir equipamentos de mergulho e acondicionar nas mochilas estanque.

 Equipamentos gerais:

     Mochilas ASV.

     Rádios TPS Nicola, specks, ganchos, fita silver tape.

     Rádios SPL, bobinas de fio, alicate, fita zebrada, fita isolante, pilhas extras, chave para abrir rádio.

PLANEJAMENTO DAS MISSÕES DE SÁBADO, 24 DE SETEMBRO

  1. TRANSPORTE DE EQUIPAMENTOS: Todos ajudam, menos os mergulhadores e equipe de comunicação externa.
  • ESPELEOMERGULHO

Mergulhadores: Jhonny, João Vilázio.

Chefe de equipe: mergulhador de apoio, base sifão: Gert

Dupla de contato do mergulho: Gustavo, Renato.

Apoio no sifão, carregamento deequipos com o uso do tartarugas ninja (srsrs): Márcio, Murilo, Felipe, César, Gustavo e Renato.

Equipamentos:

Mochilas de equipamentos de mergulho geral, cilindros, galões cortados, etc.

  • COMUNICAÇÃO

EQUIPE E ATRIBUIÇÕES:

  1. Magu

Chefe da comunicação, operar o TPS Nicola durante todo o tempo de atividade, reportar tudo para a base externa, com detalhes.

           Equipamentos:

          Rádio TPS Nicola

          Specks, ganchos, fita zebrada, fita silver tape, caderno de anotações a prova d água e caneta.

  • Dupla de contato da comunicação: Victor e Rapha.

Coletar todas as informações detalhadas para Magu.

Recolher fios nas bobinas, rádios, acondicionar tudo nas mochilas ao final da operação.

  • Operar o SPL Base Esther: Rapha, reportar tudo para Magu.
  • Base comunicação externa. Estrada do Lageado:Yumi e Welton.

Receber e anotar todas as informações possíveis de toda a operação, em detalhes, com horários.

  • ASV – BASE ESTER

Chefe de equipe: Carla

Ponto quente, alimentação, hidratação das equipes: Márcio, Maurício, Irene.

Equipe médica de apoio: Renato.

Equipamentos:

Maleta com itens exclusivos médicos (Renato)

Gaze, itens de imobilização de fraturas, óculos, tala, colar cervical, maca ked, etc.

Alimentos, água.

Fogareiro, gás, copo alumínio, copos individuais, talheres, isqueiro.

Ponto quente: mantas térmicas, isolante, lonas, pregadores, cordins, barbante, saco de dormir, velas, varetas de barraca, etc).

Base Quiosque: Maca, demais itens de imobilização de fraturas.

  • Registro Fotográfico: Ericson e Bruno Lenhare.
  • Registro e documentação por escrito: Jaqueline.
  • BASE TAQUEUPA

Equipe: Vazzoler, Lucas, Flávio e Gilson.

Missões: Visita de reconhecimento para posterior topografia.

Fazer um croqui das ancoragens, acesso vertical, para posterior troca, com a finalidade de garantir o acesso seguro das equipes de topografia.Equipamentos: DistoX, celular para croqui, equipamentos de vertical.

PROBLEMAS QUE SURGIRAM NO DECORRER DO PLANEJAMENTO:

  1. Desistência do mergulhador de apoio Cris Jhong, e sua namorada Ísis, Tivemos a sorte de conseguir que o mergulhador João Vilazio aceitasse substituí-lo.
  2. Não conseguimos ficar no alojamento do Núcleo Ouro Grosso, devido uma escola ter agendado antes, o que atrapalhou a logística das pessoas, pois tivemos que ficar todos separados, distribuídos entre a casa do Edu Salton, Alfredo e alojamento do Núcleo Santana.
  3. Chuva forte de quarta para quinta feira no bairro da serra, o que impediu o turismo normal na sexta feira na Caverna de Santana, devido o nível do Rio Roncador estar mais alto. Ficamos monitorando o tempo, na sexta feira o dia amanheceu lindo, com sol, o nível do rio já tinha baixado e pudemos entrar na caverna, com uma correnteza e nível pouco acima do normal.
  4. Um dos rádios SPL não funcionou.
  5. Nicola só funcionou na ferradura da estrada antes da subida do Lageado.
  6. Rodrigo do GESAP não pôde estar conosco pois foi escalado para trabalhar, mas foi substituído pelo Felipe Caetano do GESAP.

RELATO GERAL DA OPERAÇÃO

SEXTA FEIRA 23 DE SETEMBRO DE 2022

Equipe: Jaqueline, Lucas, Gilson, Márcio Scaravelli, Magu, Gert, Jhonny, João Vilázio, Yumi, Murilo Muller.

Murilo foi monitorar o Rio Roncador, Bethary e Córrego Seco e voltou com boas notícias, o nível já havia baixado.

Os membros da primeira equipe (Jaque, Márcio, Vazzoler, Magu, Murilo e Lucas) se organizaram e se deslocaram para o salão Ester, para levar a primeira parte dos equipamentos (de comunicação com fio e Nicola e mochilas de ASV). Foi realizado o teste do Nicola no salão Ester, se comunicando com Gilson que estava na parte externa, na ferradura da estrada antes da subida para estrada do Lageado. A primeira comunicação foi boa, depois Gilson se deslocou para o início da estrada do Lageado e a comunicação não funcionou mais.

Para o Nicola funcionar melhor, grudamos bem os injetores no chão, segurando com pedras, cavando um pouco a areia, para tentar o máximo de contato com a rocha matriz e jogando água por cima das antenas. Deixamos o Nicola montado no mesmo local na parte interna (paralelo ao rio), para voltarmos os testes no dia seguinte. Isolamos a área com fita zebrada, tiramos algumas fotos legais, fechamos a caixa e desconectamos as antenas.

Depois escolhemos um bom local para a base ponto quente e alimentação e deixamos lá todo o material que levamos, inclusive os galões cortados para transporte de equipamentos de mergulho para o dia seguinte (feita pelo Márcio e apelidados de tartaruga-ninja, devido colocarmos nas costas por cima da mochila e se assemelhar a um casco). Resolvemos não montar o ponto quente na sexta para não umedecer os materiais. Resolvemos também não instalar os fios do comunicador SPL pois um dos rádios enviados não funcionou (apesar das tentativas de solda e conserto feitas pelo Márcio e pelo Gustavo na casa do Edu Salton). Alfredo de muito bom grado, apesar de estar se preparando para uma cirurgia, fez outro em tempo recorde e enviou para Mauricio trazer no sábado.

 Na sexta entramos na caverna por volta de 14h e retornamos por volta de 19h. Percebemos que não seria fácil as passagens pela água, condutos apertados, locais com corda e água funda, muitos obstáculos no fundo do rio e laterais, e tudo isso passando com duas mochilas pesadas cada um, agora imagina com cilindros e equipos de mergulho no dia seguinte!

Gert, Jhonny, Yumi e João ficaram na casa do Alfredo para organizar os equipamentos de mergulho. Gilson ficou na comunicação externa até o horário combinado, operando o Nicola, na base Lageado.Após o horário, voltou para a casa do Edu Salton. Chegando todos, discutimos que o melhor seria posicionar as antenas do Nicola externo no primeiro lugar onde a comunicação foi um sucesso, e o interno com as antenas paralelas ao rio, ambos umedecidos e fixados bem com specks e pedras.

SÁBADO, 24 DE SETEMBRO DE 2022

Os demais membros da equipe chegaram na sexta feira à noite(Gustavo, Flávio, Pam, Raul, Ovo, Irene, Chokito, Rapha) ou sábado pela manhã (Carla, Maurício, César e Felipe do GESAP, Renato, Victor, Felipe e Welton (esse último para ficar no externo, junto com a Yumi, comunicação). A equipe de sexta se uniu a equipe de sábado. Nos organizamos e combinamos de nos encontrarmos no quiosque do Núcleo Santana as 10h. Estando todos lá surgiu outro problema:como organizar todos os equipamentos de mergulho nas mochilas e caixas, como distribuir a carga a todos os membros, que apesar de ser uma boa quantidade de pessoas, se mostrou insuficiente. Resolvemos montar os conjuntos rebreather em caixas, e o restante nas mochilas estanque e não estanque pertencentes ao GPME (cilindros, roupas, água, lanches, etc). Percebemos que mesmo assim não seria suficiente essa distribuição, pois as cargas mais pesadas teriam que ser carregadas pelos membros mais experientes em andar na Santana, então foi decidido que Gert não iria mergulhar, então todo o seu equipamento foi deixado no carro. Apenas Jhonny e João Vilazio mergulhariam.

Distribuído toda a carga, as primeiras pessoas já seguiram rumo ao salão Ester para ir adiantando o trajeto, e mesmo a equipe Taqueupa decidiu ajudar com a carga até o Ester e depois voltar para subir para a rede Tatus, onde iriam analisar as cordas e ancoragens para trocas futuras, com a finalidade de garantir a segurança das equipes de topografia.

Realmente o trajeto com a carga pesada e desajeitada não foi nada fácil, chegamos ao Ester com muita dificuldade mas chegamos todos inteiros e motivados! Ansiosos para entrar no sifão e ver os mergulhadores em ação, principalmente eu, que nunca tinha visto o rebreather em ação! E nunca tinha visto alguém mergulhando em um sifão assim, ao vivo! Foi realmente uma grande experiência!

As primeiras pessoas chegaram no salão Ester ás 13:15, portando os equipamentos, os mergulhadores chegaram logo depois (13:45).

Os mergulhadores chegaram e começaram a organizar todos os equipamentos e a equipe já começou a levar os mesmos para a entrada do sifão Menezes. Arrastar tudo isso para o início do sifão foi uma tarefa bem árdua! A galera foi brava: Márcio, Murilo, Gustavo, Gert, César, Felipe Caetano e demais, indo e vindo do sifão arrastando equipos..

Enquanto isso, a equipe de comunicação foi testar os comunicadores TPS Nicola. Nos primeiros momentos, ele não funcionou e diversos testes foram feitos, mudanças dos injetores de posição, chamadas com a equipe externa e até que chegou um momento que deu certo, isso foi somente às 14:45. Conseguimos nos comunicar com a Yumi.

Figura 4. Posicionamento dos injetores do Nicola na parte externa, na estrada, base Lageado.

Comunicador TPS Nicola, usado na comunicação da Base Ester para a Base Lageado.

Montamos a base no salão Ester em um local amplo e seco, logo após a entrada, com areia fofa, onde os membros da equipe podiam permanecer ou visitar, para se hidratar, descansar, se alimentar e se aquecer a todo momento, fazíamos chás, cup noodles e missoshiro para todos. Fizemos os testes nos rádios SPL e os dois funcionaram perfeitamente, um que já tínhamos e o outro que Alfredo mandou depois. Deixamos de prontidão para uma eventual operação de resgate.

Jhonny seguiu para o primeiro mergulho (14:30) para analisar se o sifão poderia ser transposto e analisar o cabo guia já existente e suas condições, e se poderia avançar ou não. A equipe de apoio no início do sifão foram Gustavo, Ovo, Irene. O primeiro mergulho de reconhecimento pelo mergulhador Jhonny foi um sucesso, ele voltou seguro  às 15:10 e com novidades, fotos e vídeos. Mas como ele não fez esse mergulho com a roupa seca, voltou frio e relatou ter tido câimbras.

Jhonny se aqueceu, tomou um chá quente, vestiu a roupa seca, se uniu ao João para o segundo mergulho, mais longo, para atravessar o sifão e coletar dados topográficos com o seu aparelho Mnemo e também usar o aparelho aferidor de gases, que teve início às 16:45.A previsão limite (deadline) era de 2 horas. Esse segundo mergulho durou cerca de 01:45, e os dois voltaram em segurança às 18:30, animados pelo feito, conseguiram atravessar o sifão e chegar em uma galeria aberta! Relataram que essa galeria poderia seguir bastante…Nos resta agora ir lá a topografar e descobrir as suas conexões!

Os mergulhadores voltaram animados, motivados com a conquista, motivados a voltar para explorar mais e treinar novos mergulhadores para as missões.Com muitas fotos e vídeos para separar, organizar e editar. Chegaram todos no salão Ester às 18:45. As equipes se alimentaram, conversaram, desmontaram o campo base, remontaram tudo nas mochilas, distribuímos a carga e voltamos rumo à boca da caverna.Saímos todos do Ester rumo à boca às 19:40. A equipe interna de comunicação ficou por mais 20 minutos para tentar a comunicação final com a Yumi (externo). Relatamos aqui também um problema que surgiu e que incomodou a equipe, a equipe externa de comunicação ficou desfalcada após dois membros da equipe resolverem ir embora no meio da operação, e para que a Yumi não ficasse sozinha do lado externo, Ovo e Irene tiveram que se deslocar do salão Ester e ir até a Base Lageado, para finalizar a operação. Infelizmente foi um erro que cometemos em confiar em pessoas não comprometidas com o trabalho em equipe.

Terminada a operação, agora é comemorar as conquistas, as parcerias, os resultados, preparar os relatórios e publicações, e organizar já a próxima investida para trazer novos dados e explorar melhor o pós sifão!

Relato feito pelo mergulhador Johnny

Do sifão Menezes nós fomos rastejando até a base que foi inicialmente fotografada pelo associado Ericson (coordenadas geográficas: 24º32’33.35”S – 48º42’59.46”O).

Ao entrar no conduto notamos que tem uma profundidade que vai aumentando gradativamente, salvo engano chegando aos 6,5m, 7 metros de profundidade.

As medidas do Mnemo aproximadamente são 35m, 40 metros de água, sendo o restante do percurso na parte seca.

O cabo guia deixado pelos espeleólogos Italianos ainda estava no local, e o cabo do espeleólogo “Tuta”, que chegavam até um ponto da caverna aonde provavelmente só o espeleólogo Sérgio Beck tenha feito a passagem. Também foi identificado um pequeno conduto do lado direito, onde eu consegui passar e fazer a conexão com esse outro salão seco, também já mencionado pelo Sérgio Beck. O local é semelhante a uma rampa grande de areia e ao final dela tem pedregulhos, e um desmoronamento.

Após esse salão eu saí da parte onde havia água e fiz a análise do percentual de oxigênio no salão pós sifão, identificado 19.9.

Começamos a caminhar pelo local, tendo esse conduto aproximadamente 6m de largura. Identificamos também mais uns 30 metros de cabo, considerando o relato do Sérgio Beck que ele ainda segue à frente aproximadamente uns 100 metros.

Também observei alguns insetos no conduto, e durante o mergulho um pequeno peixe, que acredito ser um bagre, que relatei em vídeo.

No novo Conduto Mamute acredito ter uma insurgência, devido nem toda a água sair pelo Sifão Menezes; uma parte da água pode sair pelo Sifão O – Ring, que também em conversa com o guia Murilo me disse que aquela água realmente está em direção do Sifão O – Ring, tendo um sumidouro nessa parte.

O primeiro mergulho feito foi apenas para exploração dos cabos. No segundo mergulho peguei a carretilha e cheguei até o final do cabo novamente, onde achei o salão seco. Voltando coloquei o rebreather e voltei com o mergulhador João Villazio para que pudéssemos fazer o trajeto da parte do salão seco, porém nesse salão paramos nos 30 metros, supondo que seguiria muito mais pela frente.

Figura 6: Posicionamento do sifão Menezes no relevo, dados coletados pelo Mnemo e coordenadas da base de ligação no sifão.

Medidas aferidas pelo Mnemo, equipamento do Jhonny.
Medidas de profundidade aferidas pelos mergulhadores., no sifão Menezes.678 (perfil da volta); 677 (perfil da entrada)/676 (exploração e chegada ao salão seco).
Prainha do sifão Menezes
Base de amarração da topografia na base do sifão Menezes

Leave A Comment