A saída de São Paulo foi toda separada, com cada carro saindo de origem e horários diferentes.
O primeiro a sair foi o carro do Adilson, em companhia do Beto, seguindo o caminho pela Fernão Dias e pegando os irmãos Jaime e Jonatas em Itajubá.
A Nina saiu na sexta feira à tarde, em companhia da Vanessa DP, seguindo para Jundiaí e pegando a Erica e o Pipe.
Mais adiante, no final da tarde, o carro do GilSan saiu de São Bernardo do Campo com a companhia de Fabiano, Irene e OvO.
Os carros Nina e GilSan se encontraram na cidade de Igarapava, se hospedando no Hotel Ângelo, saindo por volta das 8 da manhã e seguindo juntos até Presidente Olegário, via Uberaba, em companhia da chuva.
Para fechar a lista, o último carro com o Sérgio e Marina saiu de São Paulo na madrugada do sábado.
Os carros da Nina e GilSan chegaram juntos em Presidente Olegário logo após o meio dia, seguindo direto para o Restaurante Zero Hora, do Miguel.
Um banquete pré-expedição era merecido!!!
Aguardamos o carro do Adilson, que vinha pelo caminho da Fernão Dias, e atrasou muito por conta de contratempos na estrada (transito, acidentes, chuvas, etc.) e chegou por volta das 13:00.
Logo após a comilança seguimos para a casa do Wesley, que por conta de compromissos de trabalho na prefeitura não pode acompanhar a expedição.
Com as fortes chuvas dos últimos dias, se considerou mais prudente deixar o carro do Adilson na casa do Wesley e todos seguirem condensados nos veículos 4×4.
Apesar de nossa chegada relativamente cedo em Galena, por volta das 15:00, com chuva, resolvemos abortar a eventual cavernada curta e cuidar do acampamento base, que colecionava algumas goteiras pela casa.
As gambiarras pra lá de criativas deixavam qualquer pedreiro doido de inveja. 🙂
Essa criatividade em excesso dá uma fome…
Mesmo com a sobrecarga do banquete do Miguel, mandamos ver no jantar da Celma, sempre poderoso, super caprichado.
Por volta das 20:30 recebemos a adesão dos dois últimos integrantes, Marina e Sérgio, completando todos os participantes previstos.
Domingo, acordamos cedo, olhamos pra fora, e o tempo bonito dava vontade de voltar pra cama.
Verdade, estava lindo para ser mais preciso!!!
Para as pererecas, sapos, rãs…
Mas como éramos maiores que qualquer gotinha, pontualmente as 07:30 da manhã já estávamos na cozinha da Celma para nosso primeiro café da manhã, como sempre, caprichadíssimo.
E inacreditavelmente, as 09:00 seguíamos para a caverna.
Dessa vez, optamos em começar a detalhar as cavernas já descobertas, em especial naquelas com maiores desenvolvimentos.
O nosso primeiro destino foi a Lapa Vereda da Palha e a Ressurgência do Córrego do Angico, cavidades muito próximas uma da outra e provavelmente do mesmo sistema.
Na Vereda da Palha duas equipes de topografia (Equipe 1: Adilson, Erica, Jonatas e Pipe. Equipe 2: Irene, Jairo, Ovo e Vanessa) focaram o mapeamento das novas galerias superiores descobertas na ultima expedição, somando por volta de 300 metros de topografias e uma terceira equipe (Beto e Fabiano), se dedicaram a documentação fotográfica.
Enquanto uma das equipes finalizava os detalhes da ultima base, o Adilson vem e pergunta “E aquela luz lá embaixo daquele conduto lateral, vem de onde, é outra boca?”
A ansiedade tomou conta de quem já conhecia aquele trecho da caverna e a resposta foi “Vadilson, nunca entramos naquele conduto”
Exploração imediata!!!
A pequena luz avistada pelo Vadilson era uma pequena clarabóia, mas dezenas de metros adiante foi descoberta uma grande clarabóia com imensas raízes de gameleiras. Em uma bifurcação a equipe alcançou uma nova drenagem ativa, com origem e destino ainda desconhecidos, com sifonamentos a montante e jusante.
Quem sabe em épocas mais secas…
Descoberta de pelo menos 500 metros, por baixo, fora as continuações laterais.
Com isso, nossas estimativas para a Vereda da Palha sobem para pelo menos 2.500 metros.
As equipes entraram com tempo estável e o riacho com nível normal, mas na hora da saída um susto.
O afluente que corre pelos travertinos estava com seu volume multiplicado pelo menos umas 4 ou 5 vezes, e o barulho no conduto dava a impressão de uma inundação de grande porte. Efeito moral Santuário… 🙂
Felizmente o susto foi momentâneo e o volume de água não era suficiente para dificultar a saída, realizada sem nenhum problema. Ao contrário do filme, nenhum integrante precisou ser sacrificado e todos degustaram sua boa cervejinha, e coca-cola, de fim de tarde.
A equipe da Ressurgência do Córrego do Angico (GilSan, Nina, Marina e Sérgio) entraram na cavidade com cautela, o tempo já não estava tão firme nessa hora e a atenção com o nível da água era total , visto que o mesmo estava pelo menos duplicado.
Após aproximadamente 100 metros de topografia, com a continuidade através de teto baixo, a equipe resolveu abortar a atividade e evitar riscos desnecessários. Efeito cautela Santuário, a missão… 🙂
Na segunda o dia amanheceu estável…
Assim como no dia anterior, estava ótimo para os sapos, pererecas e rãs, nada havia mudado, estabilidade total…
Mantemos a mesma rotina, café da manhã as 07:30 e saída cedo para a caverna.
Como a maior parte dos integrantes, 10 dos 14, não conhecia a região, resolvemos não repetir as cavernas e nesse dia seguimos para a região da Lapa Caieira, na propriedade do Seu Sid, nosso velho conhecido de expedições anteriores.
Por lá nos dividimos em três equipes, duas de topografia e uma de prospecção.
As equipes de topografia deram continuidade na Lapa Caieira, mapeando continuidades em condutos nas extremidades dos salões. A equipe 1 (Adilson, Jonatas e OvO) mapeou um conduto superior com um cânion entalhado no centro do conduto, com profundidades variando de 5 a 8 metros, parcialmente explorado em sua parte inferior. No final do conduto um pequeno salão também com acesso a uma parte do cânion. Nesse momento a topografia já havia sido encerrada e uma breve exploração foi realizada, com estimativa de 150 a 200 metros, sem alcançar o final.
A equipe 2 (Erica, GilSan, Irene, Pipe e Vanessa) mapeou outro conduto em formato de cânion, mas com menor altura, máximo 4 metros, e após a finalização desse seguiu para outro conduto com as mesmas características, aparentemente uma continuidade do conduto mapeado pela equipe 1, e que intercepta um salão superior.
Esses cânions tem se mostrado a principal característica das cavidades da faixa calcária Galena-Andrequicé, todos sem exceção com formato curvilíneo, e com alturas variando de 3 a 25 metros, com mais de 10 ocorrências, presentes em todas as cavidades com maior porte e em algumas de médio porte.
As topografias somaram nesse dia valor semelhante ao dia anterior, aproximadamente 300 metros.
A equipe de prospecção (Beto, Jairo, Marina, Nina e Sérgio), trabalhou em maciço ainda não explorado na propriedade do Sr. Sid, descobrindo na parte superior 3 cavidades, Gruta do Sagüi com estimativa parcial de 80 metros, Abismo do Sagüi, com estimativa vertical de 15 metros e horizontal ainda não explorado e Gruta do Urubu, com estimativa parcial de 50 metros.
Depois dessas explorações a equipe seguiu dolina abaixo interceptando o córrego da Capivara, seguindo a jusante e localizando a Lapa Antonio Osório, descoberta na 4ª Expedição. A equipe realizou a exploração da cavidade, confirmando informações da ocasião da descoberta de considerável potencial.
A Lapa Antonio Osório está sendo foco de estudos de peixes, com publicação prevista para breve.
Com as descobertas dessa expedição, o município de Presidente Olegário soma hoje mais de 220 cavernas.
Na terça feira, o tempo continuava estável e seguimos a rotina, café da manhã as 07:30, e começando as despedidas, com parte dos integrantes da expedição (Adilson, Jairo, Jonatas e Vanessa) iniciando o retorno para casa.
Com a empolgação da equipe de prospecção no dia anterior, a cavidade foco da topografia do dia foi sem duvida a Lapa Antônio Osório.
Com a redução de pessoas e a baixa de dois integrantes que ficaram no acampamento base, nesse dia montamos apenas uma equipe de topografia (Beto, Nina, OvO, Pipe e Sérgio) e uma de documentação fotográfica (Fabiano, Irene e Marina).
A topografia se iniciou pelo sumidouro, baixo em sua entrada e posteriormente com características de cânion. As 15:00, parte das equipes iniciavam a sua volta para o acampamento base (Fabiano, Irene e OvO) e a equipe de topografia foi remontada (Beto, Marina, Nina, Pipe e Sérgio).
A topografia rendeu aproximadamente 200 metros nesse dia e representa aproximadamente de 30% a 40% do potencial já explorado da cavidade, fora possíveis continuações.
Por volta das 18:00 parte dos integrantes iniciaram seu retorno para casa (Fabiano, GilSan, Irene e OvO).
Na quarta feira os demais integrantes da expedição (Beto, Erica, Marina, Nina, Pipe, Sérgio), iniciaram seu retorno para casa, encerrando a 7ª Expedição Presidente Olegário.
Desde Abril de 2008, a fauna das cavernas dos maciços da Lapa Vereda da Palha, Lapa Caieira e Lapa Antônio Osório, entre outras não descritas nesse relatório, tem sido objeto de estudos dos Bioespeleólogos Maria Elina Bichuette (Lina) e Sandro Secutti, com publicação cientifica em breve. Veja também na próxima edição do Boletim Teto Baixo, nº 2, em finalização.
Além dos mapeamentos descritos acima, a expedição rendeu 876 fotos, todas classificadas por dia/autor e já agregadas ao Banco de Imagens do GPME, seguindo as regras determinadas a partir da 2ª Expedição Serra do Calcário.
LOG sintético da atividade:
* 05 a 09 de Março de 2010 – 7ª Expedição Presidente Olegário
Presidente Olegário-MG, Fazenda Vereda da Palha, Andrequicé: Lapa Vereda da Palha (MG 1710) e Ressurgência do Rio Angico (MG 1844), Exploração, Topografia e Plotagem
Presidente Olegário-MG, Galena, Fazenda do Sr. Sidneu Eugênio Isabel (Sid): Lapa Caieira (MG 1650), Exploração e Topografia. Gruta do Sagui, Abismo do Sagui, Gruta do Urubu, Descoberta, Exploração e Plotagem
Presidente Olegário-MG, Galena, Fazenda de Antonio Osório: Lapa Antônio Osório, Exploração, Topografia e Plotagem.
GPME: Adilson Macari Teixeira, Ana Cristina Hochreiter (Nina), Ericson Cernawsky Igual (OvO), Fabiano Kelleros Rodrigues, Felipe Rigoni Barros (Pipe), Gilson Tinen (GilSan) e Vanessa Tatiane Reis dos Santos
Participação: Erica Cristina de Oliveira, Irene Alves Ribeiro, Jairo Rodrigues de Freitas, Jonatas Rodrigues de Freitas, José Roberto de Oliveira Santos (Beto Salé), Marina Conde e Sérgio Pirondi
Galeria de fotos (pequena seleção):
Fotos de:
Adilson Teixeira Macari (Vadilson), Ana Cristina Hochreiter (Nina), Ericson Cernawsky Igual (OvO), Fabiano Kelleros Rodrigues e José Roberto de Oliveira Santos (Beto Salé)
Esse tipo de relato é a alma da exploração espeleológica: real, divertida, útil e, principalmente, sem academismo exagerado. Sou do tipo espeleoturista: apaixonado, mas amador, e essas histórias me dizem: keep digging.
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